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COSMOS

Notas soltas acerca de uma impossibilidade

Fragmentos:

«Há um excesso na realidade, que, de tão aumentada, se torna insuportável» (Witold Gombrowicz. Cosmos. Lisboa: Editora, Vega, 1995, pág. 61)

                 

«Ser-me-á difícil narrar a sequência desta história. Aliás, nem sequer sei se isto é uma história. É de hesitar chamar “história” a uma tal… acumulação e dissolução… contínua… de elementos…» (idem, pág. 143)
 

«… e contudo o rio onde todas as coisas acabam por ser arrastadas…» (idem, pág. 145)

Plano sequência: panorâmica vertical começando no céu com o título “cosmos” (maiúsculas. ¿Cor, negro, branco?) culminando numa árvore isolada na paisagem.

Importância da verticalidade. O personagem principal estará sempre em posição vertical.

 

cosmos from Vítor Magalhães on Vimeo.

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DIALÉCTICA DA DURAÇÃO

Um retrato dos nossos tempos

 

 

Estaremos a viver num século sem abrigo?

Os mortos-vivos da burocracia deambulam pelas ruas…

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ESTUDOS PARA NUVENS

(um filme)

 

As nuvens

que escorrem pela montanha,

descem pelo tempo

agarram-se à matéria viva da terra

e limpam as falhas dos homens.

(séc. XVIII, autor desconhecido)


O silêncio das nuvens, como o da neve, é um silêncio inequívoco…

Onde estarão as nuvens de Goethe?

No Atlas de Richter?

E o sonho de Dürer?

Encerrado na biblioteca de uma cidade invisível? Nas ruínas da natureza? No silêncio do azul, talvez.

O céu é como uma biblioteca infinita: o limite absoluto do imaterial.

Muitos de nós fazemos a nossa própria biblioteca de céus e de nuvens. Intervalos no quotidiano que aprendemos a guardar, como quem colecciona pedras, moedas, relógios ou outros objectos. Para Richter, trata-se de um exercício colector: colher ou apanhar determinadas imagens, entre muitas outras, para realizar um atlas infinito de possibilidades, de tentativas. Contudo, é na impossibilidade do inacabado que as imagens se deixam ficar, frutos de uma árvore sem raízes.

 

Esboços para um objecto vivo.

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